A ida ao tênis universitário tem se tornado uma constante entre os jovens brasileiros. Nos últimos anos, muitos optaram por ir aos Estados Unidos antes de tentar o circuito. Com Sofia Mendonça, a situação foi um pouco diferente.
A brasileira, hoje com 22 anos, chegou a pensar em fazer o College, mas o contexto acabou levando-a a permanecer no Brasil e tentar a entrada direta no tênis profissional.
"Pensei em ir ao universitário. Terminei a escola em 2019, então teria um ano para jogar e decidir se eu ia fazer College. Mas veio a pandemia no início de 2020, era meu último ano de juvenil. Acabou sendo uma decisão não feita, porque mesmo as pessoas da minha idade que optaram pela faculdade acabaram não indo em 2020, tiveram que atrasar um ano. E eu preferi ficar no Brasil, ver as possibilidades, porque não tinha nem tentado. Naquele momento, não estava disposta a dividir as energias, porque na faculdade a parte acadêmica exige muito", explicou.
Mesmo com alguns exemplos de sucesso no Brasil, e mais destacadamente Luisa Stefani e Ingrid Martins, Sofia entende que não há um padrão e que a ida ao universitário também pode trazer dificuldades: "Hoje, muita gente consegue sair da faculdade e jogar, mas tem outro lado, de gente que sai com cirurgias. Não dá para padronizar, é a história de cada um. Naquele momento, pela divisão de atenção, preferi focar 100% em algo, para nada ficar mal feito. Foi tudo ornando para que eu não fosse para o College".
Com a não ida para os Estados Unidos, a gaúcha acabou passando também por um dos grandes desafios dos jovens, ainda mais na América do Sul: as dificuldades na transição do juvenil para o profissional.
Depois de uma carreira de destaque no juvenil, em que foi número 1 do Brasil, Sofia vivia na dicotomia de ter bom potencial e grandes objetivos, mas uma estrutura e uma condição financeira que não acompanhavam o mesmo ritmo.
"Sempre tive grandes objetivos, mas com pouca estrutura. Comecei a viajar para torneio profissional em 2021, no segundo semestre, consegui pontuar, fiz minha primeira semifinal profissional. Em 2022, tive um ano difícil. Estava tentando manter meu ranking e subir de nível, mas a gente sabe que o nível Future é difícil, não são muitos torneios na América do Sul, agora que estão conseguindo fazer mais. Então tinha que viajar para fora, e foi difícil por essa parte financeira", relembra.
Agora, com o sucesso de Beatriz Haddad Maia, Laura Pigossi, Luisa Stefani e outras, a sensação é de evolução nas condições, o que ajuda Sofia a sonhar com mais possibilidades para a carreira. Atualmente, ela tem como base a Tennis Route, no Rio de Janeiro, uma das principais academias de tênis do país pensando no alto rendimento.
"Esse bom momento faz tudo ser menos difícil. O tênis feminino em foco faz as oportunidades serem aumentadas, de patrocínio, de torneios. Enfim, todas são exemplos, cada uma com sua história e objetivos", finalizou.
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